Morre pensador quilombola Nêgo Bispo

 Morre pensador quilombola Nêgo Bispo

Foto: Murilo Alvesso

Nêgo Bispo propôs dar outro significado à matriz cultural dos povos e suas práticas tradicionais, como forma de resistência à colonização.

Neste domingo, (3), morreu no Piauí, aos 63 anos, Antonio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo. O pensador quilombola atuou em movimentos sociais e organizações que defendiam os direitos dos quilombolas no Brasil, além de filósofo, poeta, escritor, professor e ativista político, publicou três livros e dezenas de artigos sobre a luta do povo negro e implementou o conceito de contra-colonialismo.

Nêgo Bispo nasceu em 12 de dezembro de 1959, no vale Rio Berlengas, próximo à cidade de Francinópolis, no estado do Piauí, viveu boa parte de sua vida no Quilombo Saco-Curtume, em São João do Piauí, onde morreu, vítima de uma parada respiratória, ele convivia com um grave quadro de diabetes. bghgthgh

O pensamento do ativista se baseava nas experiências das comunidades quilombolas e dos movimentos sociais de luta pela terra. Criou o conceito de contra-colonização, assunto que despertou debates dentro das universidades, entendeu que o processo de colonização busca substituir uma cultura pela outra, através de invasões e expropriações sofridas. Por meio deste conceito, propôs dar outro significado à matriz cultural dos povos e suas práticas tradicionais, como forma de resistência à colonização.

Poema Nego Bispo

Fogo!… Queimaram Palmares, Nasceu Canudos

Fogo!… Queimaram Palmares,
Nasceu Canudos.
Fogo!… Queimaram Canudos,
Nasceu Caldeirões.
Fogo!… Queimaram Caldeirões,
Nasceu Pau de Colher.
Fogo!… Queimaram Pau de Colher…
E nasceram, e nasceram tantas outras comunidades que os vão cansar se continuarem queimando.  
Porque mesmo que queimam a escrita,
Não queimarão a oralidade.
Mesmo que queimem os símbolos,
Não queimarão os significados.
Mesmo queimando o nosso povo
Não queimarão a ancestralidade.

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