Racismo ambiental, o que é isso?

 Racismo ambiental, o que é isso?

Crédito: Getty Images/ Fabio Teixeira

Você já caminhou ou visitou regiões como Moema, Pinheiros, Perdizes ou Alphaville? Quando comparamos essas regiões com outras de classe média ou baixa, localmente e nacionalmente, a infraestrutura urbana é desproporcional e acentuadamente controversa. Alguns bairros parecem que foram desenhados a mão aos olhos de quem vê. As calçadas largas e arborizadas, casas imponentes, um mundo por dentro mais do que por fora reafirma essa ideia. 

O irônico é que esses bairros possuem os maiores índices de desenvolvimento humano (IDH) e quando olhado para sua etnia às populações negras, indígenas, quilombolas, pobres e periféricas são praticamente inexistentes no que tange ao ato de morar. Além disso, são historicamente destinados a ambientes visivelmente desalinhados da maneira ideal no que cerca a questão de moradia, saúde, segurança, adequada portanto racismo ambiental é um conceito que diz respeito às injustiças sociais e ambientais que geralmente recaem aos perfis citados anteriormente.   

Ana Sanches que é doutoranda em Mudança Social e Participação Política na EACH-USP, pesquisadora sobre desigualdades socioambientais e raça sobre a ótica do racismo ambiental, afere que um dos lados do racismo ambiental “é a não presença de pessoas, as mesmas pessoas que estão ali sendo impactadas por uma enchente, pela fome, pela contaminação de um solo… não estão nos espaços de poder, quando as políticas públicas ou a própria justiça não pune quem polui, quem degrada e ao mesmo tempo toda uma estrutura racista que não permite essas pessoas impactadas decidam sobre seus territórios”. 

Ao nos depararmos com noticiários sobre deslizamentos, lixos urbanos, rompimentos de barragens, desmatamento, mineração, o cenário e a população evidencia o problema do racismo ambiental, grupos étnicos vulnerabilizados, por isso nesse sentido as questões ambientais se relacionam com a discriminação da raça. “Enchente e deslizamento de terra em Moema” essa seria uma boa fake news. Por isso, um olhar sobre o tema possibilita pensar alternativas de reorganização espacial mais justa, identificando as necessidades urgentes da localidade. E claro as vítimas… todos nós sabemos onde estão e quem são.

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Cria de Paraisópolis, bacharel em Lazer e Turismo pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. Pesquisador com foco na periferia e sua dialética com o Lazer e Turismo. Teve contato com projetos de impacto social em Paraisópolis e em áreas da Zona Leste.

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