Esperança a um jovem estudante
Durante palestra sobre os efeitos da desinformação, em uma universidade em São Paulo, no ano passado, um jovem estudante de Comunicação faz um duro alerta e me questiona: “Precisamos acabar com a desinformação, porque ela está nos deixando muito cansados e destruindo a capacidade de pensar das pessoas. Como podemos impedir isso?” Não havia uma resposta pronta. Repetir teorias já conhecidas não atenderia à indagação do aluno.
Senti, então, que deveria tentar incentivá-lo a levar adiante esta inquietude despertada pela perturbadora desordem informacional a que somos submetidos diariamente. Falei sobre o trabalho de grupos, formados por profissionais de diferentes áreas, dedicados a pesquisar o funcionamento das redes digitais e as estratégias usadas pelos produtores e disseminadores de fake news.
Indiquei a atuação de empresas que avançam na checagem de mensagens falsas e ensinam como estas narrativas nos conduzem a uma percepção equivocada da realidade. Citei projetos que discutem meios jurídicos para coibir fake news. E me empenhava a demonstrar que a solução requer diálogo, atividade coletiva e participação da sociedade.
Me lembrei daquele jovem estudante na primeira semana de janeiro, deste ano, quando o Governo Federal anunciou a criação da Secretaria de Políticas Digitais, encarregada, entre outras tarefas, do combate à desinformação e ao discurso de ódio na internet. A iniciativa fora entendida, por especialistas e estudiosos do tema, como valiosa oportunidade para a união de saberes na busca de caminhos para enfrentar as mensagens fraudulentas.
A nova secretaria se dedicará a formular e implementar políticas públicas para promover a liberdade de expressão e o acesso à informação, junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, e ações voltadas à educação midiática e para o uso de serviços digitais em comunicação, juntamente com o Ministério da Educação. Outras informações sobre as competências da nova secretaria podem ser acessadas em https://www.gov.br/secom/pt-br/composicao/secretaria-de-politicas-digitais
Desejo que a notícia de formação deste imprescindível grupo de trabalho, dentro da Secretaria Especial de Comunicação Social, tenha levado esperança ao jovem estudante preocupado com o futuro da nossa espécie.
Jornalista, pesquisadora, doutoranda em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Atuou como repórter e editora, por 20 anos, nos jornais Diário Popular, Diário de S.Paulo e Brasil Econômico. Pesquisadora e palestrante do tema desinformação científica.