Ondas de calor podem dobrar mortes na América Latina, alertam pesquisadores

Segundo estudo do projeto Mudanças Climáticas e Saúde Urbana na América Latina (Salurbal-Clima), realizado entre 2017 e 2023, revela que o número de mortes causadas pelo calor na região pode mais que dobrar nos próximos 20 anos. Atualmente, o calor é responsável por cerca de 1% dos óbitos, mas essa taxa pode atingir 2,06% entre 2045 e 2054, considerando um aumento moderado da temperatura global (entre 1ºC e 3ºC).

A análise, que cobriu 326 cidades, destaca que o aumento da população idosa (acima de 65 anos) é um fator crucial, pois este grupo, juntamente com as pessoas mais pobres, é o mais vulnerável. Moradias precárias, falta de acesso a ar-condicionado e escassez de áreas verdes amplificam o risco.

“As pessoas idosas e as mais pobres são as que mais sofrem. Quem vive em áreas periféricas, em moradias precárias e sem acesso a ar-condicionado ou a espaços verdes terá mais dificuldade para enfrentar ondas de calor cada vez mais intensas. As mortes são apenas a ponta do iceberg. O calor extremo aumenta o risco de infartos, insuficiência cardíaca e outras complicações, especialmente em pessoas com doenças crônicas”, explica Nelson Gouveia, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), um dos autores do estudo.

O calor extremo não apenas mata, mas também eleva a incidência de infartos e insuficiência cardíaca. Para mitigar o problema, os pesquisadores recomendam a urgência na implementação de políticas de adaptação climática, como:

  1. Adoção de sistemas de alerta precoce.
  2. Criação de corredores de ventilação urbana e mais áreas verdes.
  3. Estabelecimento de protocolos de saúde pública para atendimento prioritário a idosos.

Leonardo Almeida

Repórter do Espaço do Povo, é cria do Jardim Ângela, formado em jornalismo e tem vivência em redação e assessoria de imprensa.

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