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Para 20% dos moradores de favela, o acesso é feito apenas a pé.

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© Fernando Frazão/Agência Brasil

Moradores de favelas brasileiras seguem enfrentando barreiras físicas que comprometem o acesso a direitos básicos, conforme novos dados do suplemento “Favelas e comunidades urbanas” do Censo 2022, do IBGE. Cerca de 3,1 milhões de pessoas – o equivalente a 19,1% da população que vive em comunidades – moram em vias onde não passam carros, o que impede, por exemplo, a chegada de ambulâncias e caminhões de lixo às portas das casas. Fora das favelas, apenas 1,4% dos moradores enfrentam essa mesma restrição, evidenciando a desigualdade na estrutura urbana.

O levantamento também aponta fortes contrastes na presença de calçadas, pavimentação e acessibilidade entre favelas e outras áreas das cidades. Enquanto 89,3% dos moradores fora de favelas têm calçada na via, nas comunidades essa taxa cai para 53,9%, e apenas 3,8% dos habitantes de favelas vivem em ruas com calçadas sem obstáculos, o que afeta sobretudo pessoas idosas e com deficiência. A pavimentação atinge 78,3% dos moradores de favelas, ante 91,8% nas demais áreas, com casos específicos, como a Bahia, em que a própria população parece ter assumido parte da pavimentação das vias.

Para o IBGE, os números evidenciam uma “exclusão histórica” das favelas na oferta de infraestrutura e serviços públicos por parte do Estado. Os técnicos defendem que esses dados sirvam como instrumento de pressão política, fortalecendo reivindicações de moradores, coletivos e organizações locais por melhorias estruturais e por uma política urbana que trate as favelas como parte legítima da cidade. A apropriação dessas informações pelas comunidades pode transformar estatísticas em argumento concreto na luta por direitos e por um ambiente urbano mais justo.