Um jornal das favelas do Brasil
Um grupo de jovens e o desejo de produzir um jornalismo que mostrasse, de fato, os acontecimentos da favela de Paraisópolis. Foi assim que, há 15 anos, começamos a escrever a história do Espaço do Povo.
Ele nasceu da necessidade que sentíamos de mostrar a nossa realidade, uma realidade que só quem vive o dia a dia das comunidades conhece e que, em sua maioria, é bem diferente das histórias contadas pela imprensa tradicional. O Espaço do Povo sempre teve em sua essência a vontade de dar visibilidade às pautas importantes para as pessoas que vivem na comunidade. Ele serviu como uma ferramenta de denúncia e reivindicação de situações críticas que aconteciam na segunda maior favela de São Paulo, mas também provocava reflexões sobre as favelas de todo Brasil. Por que, apesar de ser um veículo nascido em Paraisópolis, ao longo dos anos ele tem se transformando em um veículo de comunicação das periferias e favelas de todo o país.
De fato, nascemos do improvável. Formado na área da Tecnologia, resolvi aplicar meus conhecimentos na produção do jornal. Foram dias, meses e anos de muito trabalho, mas tive a oportunidade e a sorte de cruzar com pessoas que acreditaram nesse sonho e que me ajudaram a nunca desistir. O apoio de alguns profissionais da comunicação, foi importante para dar forma ao jornalismo periférico que temos hoje.
Desde o início, priorizamos a notícia, mas usando a publicidade como a ponte para construção de um jornal de território forte e de credibilidade. Não é nenhuma novidade que para se manter um jornal, ainda mais durante 15 anos, é necessário buscar equilibrar a produção editorial e o comercial, e assim fazemos ao longo deste tempo. Mas, nunca desviamos do foco e nos mantivemos firmes no nosso propósito.
Por isso, quem visita nossa redação hoje, pode conferir de perto algumas das principais capas do nosso jornal, emolduradas e decorando a sala. Fizemos reportagens importantes para o desenvolvimento de Paraisópolis e para a construção de políticas públicas. Sendo isentos e sempre que necessário cobrando o poder público, mesmo quando ele demonstrava apoio ao nosso trabalho, e há inúmeros exemplos disso ao longo de nossa história. Sempre fomos e seremos independentes. Nosso único lado é o do povo favelado e periférico.
Neste 15 anos, nós também acompanhamos a migração dos grandes jornais impresso para os meios digitais. E, mesmo seguindo as tendências e novos formatos para o nosso conteúdo, mantivemos nosso jornal impresso ao longo de toda nossa história, dessa forma, mesclando inovações digitais com a distribuição gratuita do jornal físico, que pretendemos seguir e ampliar nossa atuação.
Em 2022, estruturamos nossa equipe, mesclando experiência com inovação, e sempre buscando manter a nossa essência e a defesa intransigente de uma pauta que provoque melhorias nos territórios onde estamos, o Espaço do Povo tem orgulho e semeia o espirito de comunidade.
Para 2023, queremos renovar o nosso propósito de produzir um jornalismo profissional, que além de informar, cria sua própria documentação histórica sobre os territórios que, sim, possuem muitas fragilidades, mas também são cheios de potência. Também queremos nos posicionar como um veículo independente de comunicação de favelas, que conta histórias sobre as principais favelas do país, sempre respeitando a singularidade de cada território, nessa empreitada já contamos com o apoio de anunciantes, agências, lideranças comunitárias, produtores e influenciadores locais, além é claro do G10 Favelas, organização que somos co-fundadores e reproduz os mesmos princípios desse Espaço do Povo.
Sonhamos em levar nosso jornal impresso para várias outras favelas e, quem sabe, impactar as 17 milhões de pessoas que vivem nessas regiões. E você, que já é nosso leitor de Paraisópolis, Capão Redondo, Grajaú, Heliópolis, Baixada dos Jurunas-PA, Rocinha, Complexo da Maré, Jd. Teresópolis-MG, Vitória-ES, Casa Amarela/Recife-PE e de várias outras quebradas do nosso Brasil, seguirá conosco, impulsionando esse sonho a se tornar cada vez mais real.
Boas festas e feliz 2023!
Comunicador social
Fundador @espacodopovo
CEO @criabrasilcomunicacao
Co-fundador @g10favelas