Fake News: aprenda dicas para identificar notícias falsas

 Fake News: aprenda dicas para identificar notícias falsas

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Segundo Instituto Data Favela, 89% dos moradores de periferia no Brasil já foram vítimas de notícias falsas

Diante da quantidade de informações a que temos acesso diariamente, saber identificar o que é verdadeiro ou falso tornou-se uma habilidade essencial para navegar de forma segura na internet. No início deste mês, uma pesquisa do Instituto Data Favela revelou que 89% dos moradores de periferia no Brasil já foram vítimas de notícias falsas, popularmente chamadas de “fake news”, totalizando 94 milhões de pessoas prejudicadas. As informações foram coletadas em junho deste ano e a pesquisa ouviu 1.557 homens e mulheres acima de 16 anos de 127 cidades espalhadas pelo país. 

O estudo diz que 25% dos entrevistados apontam que as fake news podem eleger maus políticos; 23% acreditam que podem ferir a reputação de alguém; 15% identificam a criação de pânico sobre segurança como um dos principais riscos ocasionados pela desinformação.

Entre os principais temas de notícias falsas que os entrevistados relataram terem acreditado estão a venda de produtos ou serviços (65%), políticas públicas como educação, saúde e vacinação (64%); informações sobre economia e impostos (58%); segurança pública e leis (52%) e questões ambientais, de ciência ou educação (49%).

A jornalista, historiadora e doutora em comunicação e semiótica, Mirian Meliani, estuda as redes sociais e pontua que a desinformação e as “fake news” são problemas antigos enfrentados pelo Brasil e pelo mundo. “Só que o uso da internet, dos celulares e das redes sociais aumenta muito a velocidade e o alcance das mentiras e golpes compartilhados”, explica. 

A vulnerabilidade diante do grande número de informações compartilhadas via redes sociais atinge a todos, mas de maneiras diferentes. A frente de uma pesquisa de pós-doutorado que quer verificar como os moradores de Paraisópolis, localizada na zona sul de São Paulo, identificam as notícias verdadeiras e os conteúdos falsos que circulam nas redes, Mirian diz que moradores de bairros nobres têm acesso a uma conexão de qualidade e a diferentes dispositivos eletrônicos, além dos celulares, o que torna possível verificar se um conteúdo é falso ou não com mais eficácia. No entanto, o acesso não garante que todos façam a verificação.

“Por outro lado, a correria do trabalho para casa ou faculdade. Muito tempo no transporte público, muitas horas trabalhadas e poucas horas livres, dificulta que o morador da periferia consiga checar se uma informação é verdadeira ou não”, analisa.

A fim de evitar que mais pessoas caiam em golpes, o Espaço do Povo e a especialista reuniram algumas dicas de como evitar cair em fake news:

Ao receber uma informação, não compartilhe de primeira

Quando receber um conteúdo muito surpreendente, desconfie e, antes de repassar, pesquise na internet se a informação saiu em outros locais. “Os golpistas sabem como isso funciona e fazem de tudo para criar um discurso que leve a uma decisão rápida do tipo: “compartilhe agora”, “somente os 5 primeiros a responder” e outras jogadas de marketing. Pare e pense se o que está sendo dito ou oferecido realmente é confiável antes de responder ou compartilhar”, diz Mirian, uma das profissionais que estará presente no Favela Cria

Fique atento a fonte 

Antes de compartilhar, reflita se conhece o trabalho do veículo ou da pessoa que compartilhou a informação. Verifique se conhece o site, se o autor do conteúdo é identificado.

Seja crítico em relação a mensagem que recebe

Antes de repassar uma mensagem, pesquise na internet se o assunto foi noticiado por outros locais e, caso sim, de qual forma foi abordado. Se notar que o conteúdo foi publicado apenas em um site, desconfie! 

Verifique o contexto e a data de publicação

Em alguns casos, conteúdos antigos são compartilhados novamente de uma forma descontextualizada. Para não ter dúvidas sobre a veracidade, pesquise se o fato realmente aconteceu e, caso sim, se é recente ou não. É importante também consultar mais de uma fonte de informação a fim de saber como o assunto foi discutido em outros veículos. Desse modo, é possível analisar se o conteúdo recebido traz novos desdobramentos ou se está apenas reproduzindo materiais já existentes a partir de um contexto diferente do qual a mensagem original foi emitida.

Acompanhe o trabalho de agências de checagem

O avanço da desinformação fez com que serviços especializados em combatê-las surgissem. É o caso das agências de “fact-checking”, em português checagem de fatos, que dedicam-se a apuração do grau de veracidade das informações compartilhadas na internet que reverberam na sociedade. As agências compartilham suas metodologias de checagem e no conteúdo é possível acessar as fontes consultadas durante a apuração. Entre os serviços indicados pela pesquisadora estão: Comprova, Aos Fatos, Boatos, E-FarsasFato ou Fake e Lupa.

Essas são algumas práticas que contribuem para identificar notícias falsas no cotidiano. No entanto, a pesquisadora reforça que o assunto deve ser discutido em diferentes esferas a fim de que medidas mais eficazes sejam tomadas em relação à desinformação. “Precisamos cobrar que as empresas que oferecem os serviços de acesso às redes sociais ampliem suas políticas de controle da desinformação e que não impulsionem conteúdos falsos ou discursos de ódio, especialmente em períodos pré-eleitorais como neste ano”, afirma Mirian que também destaca a importância de retomar a discussão sobre leis específicas sobre desinformação com a participação de especialistas da área, cientistas de inteligência artificial e a própria sociedade. 

Cartilha
A Central de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (CERT.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), lançou este mês a cartilha “Boatos”, com orientações para identificar boatos e evitar desinformação. A cartilha pode ser baixada aqui.

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Jornalista, repórter do Espaço do Povo e correspondente local de Osasco, na Grande São Paulo, na Agência Mural de Jornalismo das Periferias.

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