Enquanto o de cima sobe o de baixo desce
Em São Paulo, o número de famílias em situação de extrema pobreza, registrado em julho de 2022, é 10% maior do que no mês de janeiro. É o que diz a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), a partir dos dados obtidos por meio do Cadastro Único (CadÚnico). Isso significa que, mais de 684 mil moradores da capital paulista vivem com até R$105 por mês, dinheiro usado para despesas essenciais como alimentação, transporte e moradia.
A região que apresenta maior número de famílias nessa situação é o M’Boi Mirim, distrito da Zona Sul, que possui 43.109 mil famílias em extrema pobreza. Enquanto isso, em Pinheiros, distrito que fica há pouco mais de 20 km dali, o número de famílias cadastradas no CadÚnico nessa situação é de 2.698, o menor da capital.
A desigualdade social no Brasil não é nenhuma novidade. Sabemos que é nas regiões mais afastadas dos bairros considerados “centros financeiros”, onde as pessoas mais sofrem com a falta de dinheiro. Enquanto nas periferias, durante a pandemia, famílias inteiras precisaram deixar suas casas para morar na rua, nas áreas “nobres” da cidade, onde as famílias ricas vivem, os impactos quase não foram sentidos.
Segundo o relatório do banco Credit Suisse, em 2021 o Brasil ‘ganhou’ 59 mil novos milionários. São 266 mil pessoas com fortuna estimada em mais de US$ 1 milhão. O relatório também estimou que existam no Brasil 2.082 super-ricos, ou seja, pessoas com fortuna estimada em mais de US$ 50 milhões.
E você pode estar se perguntando: por que é importante refletirmos saber isso? Porque a gente só consegue entender a política brasileira se compreende essa desigualdade. O conceito sociológico conhecido como “consciência de classe”, criado por pensadores europeus no século XIX, nos ensina a compreender qual é o nosso papel no sistema produtivo. Ou seja, você se considera um trabalhador (classe proletária) ou um grande empresário (classe burguesa)? Entendendo qual o seu papel dentro da economia do país, você consegue pensar melhor sobre qual o futuro você deseja. E, assim, consegue, entre outras coisas, escolher representantes no governo que possam te ajudar a conquistar esse futuro que você espera ser o melhor.
Olhando para os dados que trouxemos no início deste texto, é importante dizer que entre a extrema pobreza e os milionários existem muitos trabalhadores assalariados, empreendedores informais, micro e pequenos empresários etc, a maior fatia da população está nessa situação. E, apesar do que alguns pensam, estar nessa situação não te coloca na classe burguesa. Dentro da lógica do sistema produtivo, se você não é quem detém o capital, ou seja, é o dono do dinheiro, você continua fazendo parte da classe proletária. Reflita sobre isso e tenha uma ótima leitura!
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