A importância da educação midiática e os projetos de educomunicação nas periferias 

 A importância da educação midiática e os projetos de educomunicação nas periferias 

Turma Educapão 2023 – Crédito:Léu Britto

Os projetos EduCapão e Favela Independente  levaram os seus alunos para uma experiência, na prática, durante o evento Favela Cria 2023.

A educação midiática, também conhecida como alfabetização midiática, tornou-se cada vez mais necessária na era da informação e da comunicação digital. Ela se refere à capacidade de entender, analisar, avaliar e criar conteúdo de mídia de maneira crítica e consciente. 

Já a educomunicação pretende empoderar, especialmente os estudantes, a se tornarem não apenas receptores passivos de informações, mas também produtores ativos e críticos de conteúdo. Isso envolve o uso de mídias e tecnologias de comunicação, como rádio, televisão, internet, mídias sociais, entre outras, como ferramentas para facilitar a aprendizagem, a expressão criativa e o diálogo.

Agora falando entre vários projetos existentes que trabalham com essa temática, iremos destacar dois projetos de educomunicação que levaram os seus alunos para uma experiência, na prática, durante o Favela Cria 2023, evento realizado no mês de agosto em Paraisópolis, zona sul de São Paulo.

Clube de Criadores EduCapão 

Criado pela jornalista e educomunicadora, Gisele Alexandre, o projeto EduCapão nasceu em 2018, para crianças e adolescentes de 11 aos 22 anos, atendidas por ONGs no território do Capão Redondo, zona Sul de São Paulo. O projeto oferece aos jovens oficinas de educomunicação, permitindo que esse público possa aprender técnicas de jornalismo cultural, produção multimídia e tendências de distribuição de conteúdo, visando ampliar seu repertório, criar novas perspectivas e ainda fortalecer a comunicação popular, a partir do protagonismo dessa juventude. 

Para Rose Martins, que é educadora popular e a responsável pela turma de 2023, o projeto faz com que os jovens reconheçam e saibam da sua história ancestral, tanto sobre o seu território quanto a importância que ele tem nas vidas dos moradores: “É importante [o projeto] porque permite que os jovens se reconheçam, valorizem sua história ancestral e compartilhem sua cultura, empoderamento e resgate de identidade e reconhecimento”, explica. 

A formação é baseada na metodologia da educação popular e segue três pilares fundamentais: Territorialidade e Identidade; Cultura e Comunicação Periférica; Produção e Distribuição de conteúdo multimídia. Pela primeira vez, o EduCapão contou com a parceria do Sesc Campo Limpo, o que permitiu que a formação fosse feita por inscrição aberta ao público (nas outras edições ele foi realizado em ONGs da região). O programa, realizado em 2023, teve duração de 5 meses e 16 jovens concluíram a formação com a entrega de uma revista de 20 páginas, uma três videorreportagens e uma série de três episódios de podcast. Os trabalhos dos jovens podem ser acessados no Instagram @clubeeducapao.

Favela Independente

O projeto, voltado para o empreendedorismo de audiovisual, tem a proposta de conectar pessoas da periferia com empresas e clientes do mercado. O Favela Independente oferece oficinas técnicas de produção de fotografia, áudio e vídeo, permitindo que os profissionais periféricos acessem o mercado cinematográfico, que ainda é elitista devido ao alto custo da formação e dos equipamentos utilizados.

O objetivo do projeto, além de apresentar o mercado cinematográfico aos alunos, é possibilitar a independência financeira dos participantes através do conhecimento adquirido nas oficinas. Atualmente o projeto possui 30 alunos, 22% mulheres, 13% negros e 11,9% LGBTQIAPN+. 

“Favela independente é um projeto social de audiovisual, voltado para o empreendedorismo. A ideia não é apenas ensinar e formar pessoas na área, por que isso é o básico, a ideia real é de alguma forma trabalhar essas pessoas, para que elas saiam com futuros negócios em mente, seja para o seu crescimento pessoal ou profissional”, revela Luís Maike, idealizador do projeto.

As oficinas do Favela Independente são divididas em duas turmas, com aulas semanais, às segundas-feiras e aos sábados. As atividades acontecem no bairro de Paraisópolis, São Paulo. Para obter mais informações sobre o projeto acesse a página do instagram: Favela Independente.

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Formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Repórter do Espaço do Povo e Correspondente local do Grajaú (SP) na Agência Mural de Jornalismo das Periferias.

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Repórter do Espaço do Povo, é cria do Jardim Ângela, formado em jornalismo e tem vivência em redação e assessoria de imprensa.

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