“A mudança daqui que mais me impactou, foi ver as pessoas saírem dos barracos de madeira.”

Crédito: Luis Maike / Cria Brasil
Zuleide Zeferino da Silva é moradora de Paraisópolis há 22 anos e atualmente trabalha como copeira no G10 Favelas
Eu vim da Paraíba junto dos meus filhos, um com cinco anos e outro com seis anos de idade. Apesar de não entender muita coisa, criei eles do jeito de lá do norte, na regra, sabe assim?
Quando cheguei eu não conhecia nada, e coloquei eles pra estudarem no colégio chamado Rebolo, que fica lá na Avenida Giovanni Gronchi. Eu saía daqui, próximo a União dos Moradores onde eu moro, e levava eles lá no colégio e voltava para buscar. Aqui tudo era barro, barraco de madeira e eu não deixava meus meninos saírem, porque lá no norte a gente foi criado tudo dentro de casa, eles foram criados tudo no meu ritmo, até ficarem maiores de idade se casarem e terem suas casas.
Tudo aqui [ em Paraisópolis] era de madeira, e foi estranho para mim morar em um barraco que era metade papelão e metade madeira. Quando cheguei era muito “matuta”, tudo era diferente, era muito barraco de madeira esgoto e fui morar primeiro na casa do meu cunhado. Em vista do que era, hoje melhorou muito mesmo, pensei que fosse uma coisa e era outra, chorei muito e precisei passar pela psicóloga até me habituar e entender como funcionava aqui.
Meu apelido é Zuzu do Pudim, e surgiu quando comecei a trabalhar no bistrô Mãos de Maria, foi a Elizandra que me ensinou a fazer pudim. Eu não sabia de nada, não conhecia nada sobre essas coisas de sobremesa, ficava com medo de não acertar, mas eu não desisti, e foi uma renda extra que me ajudou muito.
A mudança daqui que mais me impactou, foi ver as pessoas saírem dos barracos de madeira, as ruas sendo arrumadas, que eram ruas com muito esgoto. Graças a Deus todo mundo conseguiu sair dos barracos e construíram suas casas, agora aqui tem tudo, tem até AMA [Assistência Médica Ambulatorial]. Está uma maravilha, em vista de quando eu cheguei aqui há 22 anos. Não precisamos sair para canto nenhum, agora aqui tem tudo.
Nesses 101 anos de Paraisópolis, para mim é um orgulho morar aqui, agradeço ao G10 e ao seu Gilson pode me dar esse serviço e que ajuda muita gente, eu agradeço muito.