Existe justiça nos espetáculos midiáticos policiais

 Existe justiça nos espetáculos midiáticos policiais

Crédito: Canva

Os jornais sensacionalistas sempre me chamaram a atenção desde de criança, primeiro, pois quando no final das tardes semanais, Datena e seus semelhantes deixavam sim a cidade em alerta, porém sempre com tragédias horrendas e sanguinárias, tendo como principal foco as periferias brasileiras. 

Me parecia que só a favela cometia crimes, hoje sabemos que os engravatados parecem também adorar cometer atos horripilantes dentro de suas bolhas sociais. Segundo, nas tardes semanais sempre rondavam helicópteros pela quebrada durante esses programas sensacionalistas e apesar dos casos parecerem reais, em certa medida parecia em alguns casos encenação teatral. O foco parecia ser mais na audiência e nos fatos acusatórios do que na dignidade humana e na ampla defesa do acusado, por exemplo.     

A justiça ou o nosso senso dela parece um pouco confuso e desajustado. O papel da imprensa que deveria informar, edificar, contrapor, parece usar a causa e efeito como justificativa para que sejam juízes, promotores, advogados, sentenciadores. De fato, no mundo moderno sabemos que fazer esforço para descobrir a verdade é muito difícil e somos bombardeados com extensas distorções da realidade e que repetidas se tornam uma “obviedade real”.

Parece que existe uma elite global sensacionalista na mídia brasileira que comanda a narrativa e sendo assim impossível ignorar suas opiniões. Os grupos desfavorecidos que geralmente são manchetes deste segmento são rotineiramente silenciadas e por pura ignorância vemos o retrato das periferias diante da televisão como algo homogêneo o que é uma inverdade.

O processo penal parece começar nas telas televisivas e se cria um ódio e um incentivo para que fiquemos grudados no sofá com os olhos arregalados em um ciclo vicioso de notícias enviesadas para o brutal. Os espetáculos midiáticos policiais portando dão um peso maior ao horror, diferentemente da abordagem mais clássica dos grandes noticiários. Os jornais precisam de lucro, são instituições que buscam a rentabilidade das notícias. A notícia boa não vende a tragédia, sim, o palco: as periferias brasileiras.  

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Cria de Paraisópolis, bacharel em Lazer e Turismo pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. Pesquisador com foco na periferia e sua dialética com o Lazer e Turismo. Teve contato com projetos de impacto social em Paraisópolis e em áreas da Zona Leste.

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