Há 50 anos em Paraisópolis, Dona Lazinha passou a metade fazendo trabalhos voluntários na comunidade

Uma das moradoras mais antigas de Paraisópolis, Lázara Rodrigues Cândido, 83, chegou no loteamento da fazenda Morumbi quando as casas ainda davam para ser contadas nos dedos. Segundo a moradora, no lugar dos barracos, que hoje aglomeram-se, havia muito mato e não tinha água encanada, luz elétrica, transporte público e rede de esgoto
Nascida em Jacutinga, Minas Gerais, dona Lazinha, como é conhecida na comunidade, veio para São Paulo e logo foi morar na Vila Mariana. Alguns anos depois, mudou-se para o Jd. Colombo e em 1964, recém casada, chegou em Paraisópolis. Junto com seu esposo comprou um terreno na Rua Iratinga, onde mora há pelo menos 50 anos.
Anos depois, dona Lazinha se divorciou e permaneceu sozinha, não quis arranjar outro companheiro. Acreditava que como já tinha se casado uma vez e não tinha dado certo, deveria trilhar o seu caminho se dedicando aos seus três filhos: Paulo de Tarso, Sueli Aparecida e Silvio César.
Mesmo tendo que cuidar da casa, dos filhos e trabalhar fora, sempre arranjava um tempinho para participar de reuniões e ações organizadas, que tinham como principal objetivo buscar melhorias para a comunidade. Católica fervorosa, também ajudou Dom Veremundo em visitas constantes a enfermos e necessitados. “Dom Veremundo era um padre muito bom, ele ajudou muito a comunidade. Até com botijão de gás ele ajudava”, comenta.
Visitava muitas pessoas com câncer e Aids, pessoas que, segundo ela, normalmente, não recebiam visitas por causa do preconceito. “Nunca tive medo de doença”, relembra.
Dom Veremundo sabia que podia contar com a generosidade de dona Lazinha. Por isso, a pediu que ajudasse a médica Rosa Aurea no trabalho que desenvolvia com as gestantes da comunidade. “Como voluntária, eu ajudava as pessoas que vinham de fora e até hoje eu ajudo. Tem uma médica que trabalha com gestantes, já faz 19 anos que eu trabalho com ela”, afirma.
Em todos esses anos como voluntária, dona Lazinha reconhece a importância do seu trabalho para o desenvolvimento da comunidade. Aos 83 anos, ela afirma que sempre gostou de ajudar as pessoas, tarefa desempenhada por ela até hoje. ” Acho que a gente tem que ser importante para as pessoas , dar uma ajuda para elas”, finaliza.
