Não basta ser contra o racismo, precisamos ser antirracistas
Para celebrar o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, listamos algumas atitudes antirracistas que devem ser adotadas no combate ao preconceito racial.
Tem sido cada vez mais comum ouvir pessoas falando sobre racismo e antirracismo. Mas, afinal, o que significa ser antirracista? Como não reproduzir racismo em uma sociedade estruturalmente racista?
Primeiramente, é importante entender que ninguém nasce racista, o racismo é um aprendizado social. Crianças não nascem racistas, elas aprendem com as atitudes daqueles que a educam. Por isso, é essencial que toda a sociedade, principalmente a população de pele clara, reflita e se comprometa com atitudes que não reforcem o preconceito racial.
A filósofa, escritora, professora e ativista estadunidense, Angela Davis, explicou para o portal Brasil de Direitos que para ser antirracista é preciso adotar para si uma política de descolonização do inconsciente. “Descolonizar significa retirar forças e domínios de uma determinada região, de um determinado território. Significa fraturar essas forças e construir novos campos e novas perspectivas de existir. Uma descolonização do território necessariamente envolve toda a reestruturação política desse espaço. Quando a gente fala em ‘descolonizar o inconsciente’, fala de reconfigurar ou recituar todas as linhas de força que dominam nosso modo de pensar. Nossa linguagem, as coisas que a gente lê, as coisas que a gente quer assistir, as músicas que a gente quer ouvir. Para que a gente efeitve, de fato, uma lógica antirracista, a gente precisa se auto-descolonizar. Isso é imprescindível”, disse Angela.
No livro “Pequeno Manual Antirrascista”, a filósofa e escritora brasileira, Djamila Ribeiro explica que “o racismo é um sistema de opressão que nega direitos e não apenas um ato da vontade de um indivíduo”. A filósofa diz que reconhecer o caráter estrutural do racismo pode ser paralisante.
No mês em que é celebrado o Dia da Consciência Negra, o Espaço do Povo listou algumas atitudes que podem ser adotadas para se tornar uma pessoa antirracista, inspiradas no livro escrito por Djamila.
- Informe-se
Busque informações históricas sobre o período da escravidão. Procure autores e influenciadores digitais negros e negras que explicam sobre o racismo.
O racismo é algo tão presente em nossa sociedade que muitas vezes passa despercebido. A maioria das pessoas admite racismo no Brasil, mas quase ninguém admite ser racista, é impossível não ser racista tendo sido criado numa sociedade racista.
- Enxergue a negritude
Esteja ciente e reflita sobre a negritude em uma sociedade com tanta discriminação racial. Além disso, procure apoiar iniciativas de pessoas pretas, seja adquirindo produtos e serviços oferecidos por empreendedores ou consumindo e disseminando a cultura produzida pelos artistas e intelectuais negros e negras.
- Reconheça os privilégios da branquitude
Se você se identifica como uma pessoal branca, exercite seu olhar e reconheça seus privilégios. É importante compreender que os privilégios acompanham, sim, a cor da pele. Não podemos considerar natural situações que segregam pessoas apenas por conta da sua cor. Precisamos nos incomodar com atitudes desse tipo.
Entenda que a responsabilidade histórica pela criação do racismo é da branquitude. Se o racismo existe hoje é por que, no passado, as pessoas brancas, especialmente a burguesia, achou que as pessoas de pele escura não eram merecedores de direitos.
- Seja antirracista
O antirracismo é uma luta de todos. Apoie iniciativas, projetos e movimentos que combatam o racismo. Se responsabilize e combate de maneira consciente a desconstrução de privilégios.
Formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Repórter do Espaço do Povo e Correspondente local do Grajaú (SP) na Agência Mural de Jornalismo das Periferias.