Raio X da urbanização em Paraisópolis
Quem conhece Paraisópolis sabe e reconhece as transformações que a comunidade passou nos últimos anos, principalmente nos últimos 10, quando recebeu recursos para o Programa de Urbanização de Favelas.
Com mais de 100 mil habitantes, o cenário vivido atualmente na segunda maior comunidade de São Paulo requer muita atenção. Apesar de tantas mudanças, ainda há muito a ser feito, como a construção de moradias e escolas, obras de saneamento básico, além de parques e outros equipamentos que proporcionarão acesso à educação, lazer e cultura.
Após alguns meses de paralisação nas obras e uma série de reuniões junto aos órgãos públicos, além da mobilização da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis (UMCP), que realizou passeatas
pela volta da urbanização, as obras oram retomadas e já é possível perceber a movimentação das máquinas. Os barracos construídos em áreas de risco, hoje dão espaço para tratores e escavadeiras que começam a formar estruturas que receberão diversos equipamentos, como é o caso do Grotão, que abrigará a Escola de Música e de Artes e também o Parque Sanfona.Se de um lado é possível ver o desenrolar das obras, de outro falta mobilização, como é o caso do Antonico. Considerada uma das maiores áreas de Paraisópolis, no local ainda há muitas famílias vivendo em cima do córrego que corta a comunidade. O mesmo se repete no Grotinho e Grotão, onde é fácil visualizar o contraste que divide a região. Apesar de muitas obras importantes já estarem em andamento, há ainda muitos barracos de madeira construídos em áreas de risco, além de famílias vivendo em cima de esgotos, sem água encanada, energia elétrica ou saneamento básico.
Esse problema talvez seja reflexo da falta de moradia que existe em Paraisópolis, que há muito tempo aguarda a construção de Unidades Habitacionais, promessa feita desde o início da urbanização, um sonho aguardado por muitas famílias há mais de sete anos, quando as primeiras casas foram demolidas para o início das obras. O problema é que o número de famílias que aguardam moradia é muito superior às unidades previstas.
ealidade vivida pelas famílias é totalmente diferente daquela prometida há alguns anos com a chegada da urbanização. Atualmente, mais de 4 mil famílias que saíram de suas casas aguardam no aluguel social, muitas delas, inclusive, têm que tirar dinheiro do próprio bolso para ter um lar, já que, na maioria dos casos, o aluguel social não é suficiente, levando em conta o valor cobrado hoje em Paraisópolis.
O que agrava ainda mais o problema é que pouco vem sendo feito para resolver a questão. Apesar de muitas obras já terem sido iniciadas, não há projeto definido para a construção de novas moradias, e as famílias lidam apenas com promessas e mais promessas.
Diante do que foi apontado pelos próprios moradores que sofrem diretamente com tais problemas, mais uma vez levantamos a questão da última licitação, realizada em 2010, quando R$ 176 milhões foram disponibilizados para as obras de urbanização e até hoje muitas ainda não foram entregues. Mesmo sem uma resposta clara sobre a destinação da verba, a Prefeitura de São Paulo já discute uma nova licitação que deve acontecer este ano, cujos investimentos serão destinados às três regiões consideradas mais precárias em Paraisópolis: Grotinho, Grotão e Antonico.
Grotão
Situado na região central de Paraisópolis, o Grotão já representou uma das muitas áreas de risco que ainda existem na comunidade. Com uma área total de 87.678 m², a região, que já foi considerada uma das mais precárias, abrigará equipamentos como a Escola de Música e de Artes, que vai contemplar projetos de música e dança; o Pavilhão Social, espaço destinado a Ongs e projetos sociais desenvolvidos em Paraisópolis e o Ecoponto, onde a comunidade poderá descartar entulho como restos de construção e móveis velhos.
Apesar de contar com obras de equipamentos que trarão benefícios à comunidade, o Grotão ainda traz muitas preocupações aos moradores. No local, vivem muitas famílias instaladas em condições desumanas, muitas delas sem acesso à rede de esgoto, água encanada e energia elétrica regular.
Grotinho
Apesar de estar localizado em uma das regiões que receberam grandes investimentos como a construção do CEU e da ETEC Paraisópolis, ao passar pelo Grotinho a impressão é de que o local foi esquecido. Muitas famílias voltaram a ocupar uma área de risco que já sofreu diversos incêndios e desmoronamentos.
Apesar de causar a impressão de abandono, é importante ressaltar que a região já recebeu investimentos durante a execução do Programa de Urbanização. No local foi construída uma praça, uma quadra e uma pista de skate. O problema é que os equipamentos servem, muitas vezes, de depósito de lixo, como acontece com a Pista de Skate, que ao invés de receber jovens e adolescentes para a prática de esportes, acumula lixo e entulho.
O problema do Grotinho não é só este. Apesar da constante falta de moradia, na região existe um condomínio do CDHU totalmente vazio, isso porque a construtora responsável pela obra declarou falência e o prédio simplesmente ficou abandonado, sendo quem poderia abrigar 112 famílias.
Uma das soluções para suprir a falta de moradia seria a utilização de um terreno localizado na região, onde está prevista a construção de 251 Unidades Habitacionais. Se sair do papel, conforme promessa feita no programa, este será o maior condomínio e poderá abrigar muitas famílias que aguardam no aluguel social.
Brejo
Localizada próximo a Avenida Perimetral, a região do Brejo já recebeu diversos investimentos pelo Programa de Urbanização, a começar pela própria avenida, que permite liga a comunidade a importantes vias da região central.
Futuramente, a região abrigará as estações Paraisópolis e Flávio Américo Maurano do Monotrilho – Linha 17 Ouro; o Parque Paraisópolis; um Centro Integrado de Cidadania (CIC) e também poderá abrigar o Hospital Geral de Paraisópolis, já que um terreno já foi indicado, faltando apenas que o projeto da construção, bastante cobrado pelos moradores, seja aprovado pelo poder público. E, para atender a demanda de educação na comunidade, que sofre com a falta de vagas nas escolas e creches, um terreno também foi indicado para a construção de equipamentos educacionais.
Centro
Embora a região central de Paraisópolis seja uma das mais desenvolvidas por concentrar residências e comércios, o local ainda tem muito a ser feito. Um dos principais problemas que assolam a região é a questão da falta de calçadas e também ruas estreitas, onde o pedestre tem que dividir espaço com carros e barracas nas calçadas.
Um aspecto importante levantado pelos moradores é a falta de pontos culturais no local, já que na região central não há sequer um ponto de cultura, dando espaço para que as ruas tornem-se locais para a realização de festas e bailes.