Prefeitura, Sabesp ou morador, quem são os responsáveis por tantos problemas na rede de esgoto em Paraisópolis?
Em processo de urbanização desde 2005, Paraisópolis já passou por grandes transformações que proporcionaram muitas melhorias aos moradores. Em contrapartida, algumas famílias não têm acesso à rede de esgoto regular, luz elétrica e água encanada, ou seja, não têm saneamento básico, um direito de todo cidadão.
Quem caminha pela comunidade percebe a quantidade de esgotos que correm a céu aberto. Quando chove fica ainda pior. Além de ter seu nível elevado, ultrapassando ruas e calçadas, impedindo que as pessoas caminhem pelo local, o mau cheiro por ali se torna insuportável, isso quando a água não invade as casas.
Questionada quanto aos problemas de esgoto na comunidade, a Sabesp informou que o Sistema de Coleta de Esgotos está implantado em todo arruamento. Segundo a empresa, não existe rede em vielas, passando por baixo de casas ou outro tipo de área particular, e destacou que isso só ocorre quando um morador invade uma área que é utilizada para esta finalidade.
Segundo a empresa, uma das principais causas dos entupimentos é o mau uso do sistema, já que, devido a algumas irregularidades, as águas pluviais de muitas casas são lançadas no esgoto, juntamente com lixo, gordura, brinquedos, garrafas pet e até restos de feira.
Ainda de acordo com a empresa, outro fator que contribui diretamente com danos no sistema são as ligações irregulares de esgoto. Muitos moradores quebram o Poço de Visita (local de vistoria da galeria, chamado também de bueiro) e conectam tubos brancos que lançam todo tipo de material dentro dos esgotos, e quando chove não tem jeito, acabam entupindo.
É importante ressaltar que o saneamento básico na comunidade faz parte do Programa de Urbanização de Paraisópolis. Questionada sobre quem seria o responsável pela destinação correta das águas pluviais, a Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) – responsável pelo Programa de Urbanização de Paraisópolis – informou que os serviços de redes de infraestrutura (rede de água, esgoto e drenagem) são feitos pelas construtoras contratadas pela própria secretaria, mas destacou que, devido ao crescimento constante de Paraisópolis, há serviços feitos também pelos próprios moradores, pela Sabesp e pela subprefeitura.
“Nos casos de urbanização, nossos contratos deixam as redes e caixas necessárias para manutenção dos serviços de drenagem e coleta de esgoto, portanto, o serviço está completo”, defendeu Maria Teresa Fedeli – Coordenadora do Programa de Urbanização de Paraisópolis.
A Sabesp destaca que a responsabilidade da destinação correta das águas pluviais é da prefeitura, cujo papel é avaliar e implantar redes de GAP (Galeria de Águas Pluviais). A empresa afirmou ainda que todas as vielas e também algumas ruas não têm GAPs, o que pode ter contribuído para o morador utilizar o sistema de esgotos da Sabesp.
Diante de tantos posicionamentos diferentes, cabe a cada morador tentar fazer sua parte, livrar-se de ligações irregulares e refletir sobre algumas questões básicas: A ligação de esgoto das casas foi feita de forma adequada? Em todas as casas há a caixa de inspeção, conforme determina a Sabesp? Para onde está indo a água da chuva? E a principal delas, o seu lixo está sendo descartado adequadamente para que ele não caia nos esgotos e bocas de lobo da comunidade?
É importante ressaltar que, independente de quem seja a culpa, o maior prejudicado pelo entupimento das redes de esgoto é o morador, que sofre quando a água fétida invade sua casa e muitas vezes enxarca os móveis, causando-lhe inúmeros prejuízos.