Há 50 anos em Paraisópolis, Dona Lazinha passou a metade fazendo trabalhos voluntários na comunidade
- Francisca Rodrigues
- 15 de dezembro de 2014
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Uma das moradoras mais antigas de Paraisópolis, Lázara Rodrigues Cândido, 83, chegou no loteamento da fazenda Morumbi quando as casas ainda davam para ser contadas nos dedos. Segundo a moradora, no lugar dos barracos, que hoje aglomeram-se, havia muito mato e não tinha água encanada, luz elétrica, transporte público e rede de esgoto
Nascida em Jacutinga, Minas Gerais, dona Lazinha, como é conhecida na comunidade, veio para São Paulo e logo foi morar na Vila Mariana. Alguns anos depois, mudou-se para o Jd. Colombo e em 1964, recém casada, chegou em Paraisópolis. Junto com seu esposo comprou um terreno na Rua Iratinga, onde mora há pelo menos 50 anos.
Anos depois, dona Lazinha se divorciou e permaneceu sozinha, não quis arranjar outro companheiro. Acreditava que como já tinha se casado uma vez e não tinha dado certo, deveria trilhar o seu caminho se dedicando aos seus três filhos: Paulo de Tarso, Sueli Aparecida e Silvio César.
Mesmo tendo que cuidar da casa, dos filhos e trabalhar fora, sempre arranjava um tempinho para participar de reuniões e ações organizadas, que tinham como principal objetivo buscar melhorias para a comunidade. Católica fervorosa, também ajudou Dom Veremundo em visitas constantes a enfermos e necessitados. “Dom Veremundo era um padre muito bom, ele ajudou muito a comunidade. Até com botijão de gás ele ajudava”, comenta.
Visitava muitas pessoas com câncer e Aids, pessoas que, segundo ela, normalmente, não recebiam visitas por causa do preconceito. “Nunca tive medo de doença”, relembra.
Dom Veremundo sabia que podia contar com a generosidade de dona Lazinha. Por isso, a pediu que ajudasse a médica Rosa Aurea no trabalho que desenvolvia com as gestantes da comunidade. “Como voluntária, eu ajudava as pessoas que vinham de fora e até hoje eu ajudo. Tem uma médica que trabalha com gestantes, já faz 19 anos que eu trabalho com ela”, afirma.
Em todos esses anos como voluntária, dona Lazinha reconhece a importância do seu trabalho para o desenvolvimento da comunidade. Aos 83 anos, ela afirma que sempre gostou de ajudar as pessoas, tarefa desempenhada por ela até hoje. ” Acho que a gente tem que ser importante para as pessoas , dar uma ajuda para elas”, finaliza.
Jornalista, produtora cultural, diretora de comunicação da Cria Brasil, agência de comunicação de território de favela que surgiu com o compromisso de gerar impacto social positivo nas comunidades do país.