Fotógrafa faz ensaio que retrara o dia a dia das crianças de Paraisópolis
A fotógrafa Sheila Signário, 30, moradora de Paraisópolis há 27 anos, construiu sua história clicando os movimentos culturais na periferia da zona sul de São Paulo. Atualmente trabalha como fotógrafa e assistente de produção no Espaço Cultural CITA, na praça do Campo Limpo, e também desenvolve trabalhos fotográficos autorais.
Signário descobriu a paixão pela fotografia quando teve a oportunidade de participar de um curso, em 2008, no projeto Um Olhar na Favela de Paraisópolis. “Era um projeto que dava oficina de fotografia para jovens em Paraisópolis para uma turma de aproximadamente 10 pessoas” completa.
No ano de 2012 ela fez um curso de fotografia na Escola Técnica de Carapicuíba. Sua trajetória sempre foi dentro dos movimentos culturais nas periferias.
Crianças da minha Quebrada
Foi com um olhar voltado ao cotidiano das crianças de Paraisópolis que a fotógrafa Sheila Signário realizou o ensaio Crianças da Minha Quebrada. Para ela as crianças ainda curtem a simplicidade da vida.
O trabalho precisou de um tempo para ser realizado, pois as imagens foram captadas de acordo com as brincadeiras das crianças que aconteciam no dia a dia de Paraisópolis. “Sempre fotografei Paraisópolis porque faz parte da minha realidade. Então percebi que eu tinha muitas fotos de criança e nisso juntei este ensaio que chama Criança da Minha Quebrada, ” relembra.
O projeto recentemente participou de exposição no SESC Campo Limpo. Também já participou de dois festivais, sendo um em Minas Gerais – Festival de Fotografia da cidade de Tiradentes, em 2014, e do Festival FotoAtiva em Belém do Pará no ano de 2016.
Sobre a facilidade de arrancar um sorriso de uma criança
“A maioria daquelas crianças me conhece pois temos um contato há muito tempo, ” comenta Signário.
A intimidade das crianças com a fotógrafa traz a liberdade para que elas peçam para Sheila que façam suas fotos. “Tem uma foto em que eles fizeram um bolinho de areia e me chamaram para fotografar”, afirma a fotógrafa.
“Achamos que as crianças sofrem apenas na Síria, não, as crianças do Brasil sofrem muito, são crianças arredias em alguns momentos”. A fotógrafa afirma que o convívio que ela tem constantemente com as crianças se torna natural.
Quanto ao relacionamento com as crianças ter facilitado os registros ela explica que não saberia qual a reação das crianças caso o trabalho fosse realizado com outro fotógrafo se seria a mesma coisa. “Acho que seja esta questão do reconhecimento mesmo, em saber que sou daqui. Eles vão à minha casa, a maioria me chama de tia”, finaliza.
Jornalista, produtora cultural, diretora de comunicação da Cria Brasil, agência de comunicação de território de favela que surgiu com o compromisso de gerar impacto social positivo nas comunidades do país.