Dom Veremundo: Exemplo de solidariedade

Por Francisca Rodrigues para o Espaço do Povo #33

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Sempre quando ouve-se falar de Dom Veremundo Tóth e de seu trabalho realizado na comunidade de Paraisópolis é muito fácil perceber o carinho com que as pessoas o descrevem e relembram a trajetória do padre, que por mais de trinta anos dedicou sua vida a Paraisópolis.

Já se passaram nove anos que Dom Veremundo morreu, mas parece que foi ontem para Lucinalva Leonel Barreto, 44. Com lágrimas nos olhos, a secretária da igreja Nossa Senhora do Paraíso relembra a pessoa generosa e simples que o primeiro pároco de Paraisópolis foi. "Não tenho palavras para expressar o que ele era. Ele era muito humano, uma pessoa fora de série. Não tem como a gente expressar com palavras a pessoa Dom Veremundo. Ele dedicava um amor muito grande por Paraisópolis", comenta.

Nascido em Szakony, na Hungria, em 1922 (ano em que a Fazenda Morumbi, hoje Paraisópolis, foi loteada), Dom Veremundo veio para o Brasil em 1951 para trabalhar em São Paulo, junto à comunidade húngara, onde começou seu apostolado junto aos escoteiros da colônia húngara, ao mesmo tempo em que exercia as funções de professor de Línguas Latina e Francesa e de Religião, além de orientador vocacional no recém-fundado colégio Santo Américo, ainda nas instalações da Rua Imaculada Conceição, no bairro de Santa Cecília.

Dom Veremundo foi eleito como Prior Conventual do Mosteiro do Morumbi em 1968. Assumiu a Capelania do Mosteiro no ano seguinte. Já em 1970 fundou a Paróquia São Bento do Morumbi, sua atuação estendia-se até Paraisópolis, onde teve seus primeiros contatos com a dura realidade da comunidade que estava se iniciando, consequência da intensa migração de nordestinos e de mineiros no bairro.
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Ajudou muita gente. Em 1974, com o apoio da APM do colégio, Dom Veremundo estendeu a atuação das Obras Sociais do Mosteiro e instalou um centro comunitário para atender os moradores.

Dom Veremundo assumiu a Capelania de Paraisópolis, elevada a Sede Paroquial em 1992, e nomeado seu primeiro pároco, onde desenvolveu um intenso trabalho pastoral e de assistência social, percorrendo as vielas da comunidade até quando suas forças o permitiram andar, mesmo com bengala, e celebrar suas missas, embora sentado, em meados de 2003, quando a doença começou a abater suas forças físicas.

Quando ficou doente, a irmã de Dom Veremundo pediu que ele voltasse para a Hungria para que a família pudesse cuidar dele, mas ele recusou e disse que sua família morava em Paraisópolis. Abriu mão de muitas coisas para viver uma vida de dedicação. Sentia a necessidade de viver aqui e ajudar as pessoas.

Se estivesse vivo, Dom Veremundo faria 92 anos no dia 3 de julho deste ano."Foi uma grande perda, ele morreu com 82 anos. Toda igreja perdeu um grande profeta, um grande apóstolo que muito doou a vida pela igreja. Com certeza Deus ganhou um grande anjo no céu", finaliza Lucinalva.

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Jornalista, produtora cultural, diretora de comunicação da Cria Brasil, agência de comunicação de território de favela que surgiu com o compromisso de gerar impacto social positivo nas comunidades do país.

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