Buracos, lixo e curto percurso impedem moradores de utilizarem ciclovia da Av. Hebe Camargo
Por Keli Gois
Pedalar atrai não só a criançada, que utiliza a bicicleta como lazer, mas também os adultos, que utilizam a bicicleta como esporte, lazer e transporte alternativo. Mas, muitas vezes, uma prática simples como pedalar até o trabalho pode representar inúmeros perigos se não for feita no espaço adequado, como acontece em alguns locais da capital paulista, onde ciclistas dividem espaço com os carros nas ruas.
Em Paraisópolis, segunda maior comunidade de São Paulo, os moradores têm à disposição uma ciclovia que poderia tornar a prática do esporte muito mais simples, segura e fácil, se não fosse o problema de não ligar a lugar nenhum.
De acordo com Maria Teresa Fedeli, coordenadora de projetos da Sehab, a ciclovia foi construída respeitando os padrões recomendados e está fisicamente separada da calçada de pedestres. Ela destaca também que a via tem sinalização e dimensões adequadas, portanto, estaria apta para ser utilizada, porém, muitos ciclistas não utilizam por inúmeros motivos.
Diogo Ferreira, 27, vai ao trabalho de bicicleta todos os dias. Essa rotina ele mantém há dois anos, e com a construção da ciclovia a expectativa era ter um local adequado para transitar, mas a questão é que ela não liga a lugar nenhum, além disso, tem outros problemas que dificultam a locomoção. “Não utilizo [a ciclovia] porque ela é muito ruim, não é lisa como o asfalto, tem pedaços cheios de terra e fica muito fácil de escorrega
as pessoas que passam pelo local é também o curto trajeto. Diogo pedala todos os dias para chegar até o trabalho, mas procura ir por outros locais para evitar os transtornos na ciclovia de Paraisópolis. “O percurso é muito pequeno, por isso, o pessoal utiliza a pista mesmo”, explicou.
O ciclista reconhece os perigos de transitar pela avenida, tanto para ele, como para os motoristas e pedestres, mas diante da falta de opções, ele teve de se adaptar. “Quando eu vejo um pedestre eu buzino, porque geralmente eu ando com a buzina e ainda dou um grito para a pessoa poder sair da frente”, e completa “Vários carros já me fecharam, já aconteceu do motorista não olhar e não me ver”, contou.
Questionados sobre por que andar na avenida ao invés de utilizar a ciclovia, os moradores explicam que não receberam nenhum informativo de que Paraisópolis teria uma ciclovia. Diego afirma que só tomou conhecimento da via porque passava pelo local todos os dias. “Eu achei que o percurso era grande, mas não é. Se eles melhorassem a ciclovia, deixassem lisa, limpassem e fizessem um trecho maior eu utilizaria”, afirmou.
As árvores mortas, a falta de informação e as luminárias caídas não são os únicos problemas da ciclovia. O principal problema apontado pelos moradores, e totalmente visível por quem passa pelo local, são os buracos e irregularidades no asfalto que acabaram surgindo com o tempo. O lixo ao longo da via é outro problema que dificulta a locomoção dos ciclistas. Quem passa por lá tem a impressão de que a ciclovia está totalmente esquecida, já que a aparência é de não ser varrida.
Diferentemente do que foi informado pela Subprefeitura, a Sehab destaca que realmente trata-se de uma ciclovia e que na discussão de implementação estava estabelecido que ela teria continuidade ao longo do parque linear, no córrego que acompanha a Avenida Hebe Camargo, e também deveria ser interligada com o futuro Parque Paraisópolis.
Sendo uma ciclovia ou uma “calçada”, o que os moradores querem é que esse espaço destinado aos ciclistas esteja limpo, asfaltado e com condições de segurança para os que o utilizam, e o mais importante, que seu trajeto ligue a algum lugar e represente uma opção a mais para os moradores.