Você sabe a importância do exame Papanicolau?

 Você sabe a importância do exame Papanicolau?

Crédito: Reprodução

Certamente, em sua consulta com o seu ou a sua ginecologista, você já foi questionada sobre quando foi a última vez que colheu seu exame preventivo, mais conhecido como papanicolau. E não é incomum recebermos como respostas: “Dra., eu nunca colhi … ou Dra., já tem mais de anos … ou até mesmo Dra., que exame é esse?” 

Infelizmente, apesar de muito se falar sobre o Papanicolau, muitas mulheres ainda não sabem o verdadeiro propósito e a real importância da coleta desse exame em suas consultas de rotina ginecológica. 

O Papanicolau, chamado formalmente de citologia oncótica, é um método de diagnóstico utilizado para o rastreamento do câncer de colo de útero, mostrando-se bastante efetivo ao reduzir consideravelmente a ocorrência da doença, quando realizado de forma regular e abrangente. 

Você sabia que aproximadamente 266 mil mulheres morrem de câncer de colo de útero a cada ano? Esta doença é a 4ª neoplasia maligna mais frequente em mulheres, excluindo o câncer de pele não melanoma.  

A principal causa para o surgimento deste câncer são infecções persistentes pelo vírus HPV. O HPV, papiloma vírus humano, é transmitido principalmente através da relação sexual, e possui vários subtipos, como os denominados “16” e o “18”, que são os subtipos oncogênicos mais comuns e que estão mais relacionados com o surgimento do câncer no trato genital inferior da mulher. 

Mais de 600 mil casos de cânceres em todo o mundo, anualmente, são atribuídos ao HPV, sendo esse o fator de risco mais importante no desenvolvimento das neoplasias de colo, vagina, vulva, pênis, ânus e orofaringe, além de ser o causador das verrugas anogenitais. 

Porém, além do HPV, outros fatores também estão envolvidos na etiologia do câncer de colo uterino, como baixo nível socioeconômico, início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros, multiparidade, tabagismo, fatores de nutrição e higiene precários, além de doenças ou uso de drogas que diminuem a imunidade. 

E, foi justamente visando à redução da incidência da mortalidade em mulheres acometidas por esse vírus, que o Ministério da Saúde, por meio da publicação das “Diretrizes para o Rastreamento do Câncer de Colo de Útero 2016”, recomenda o início do rastreamento através do exame citopatológico, o Papanicolau, em mulheres assintomáticas, a partir dos 25 anos, e que já tiveram relação sexual. Após dois exames anuais consecutivos normais, o rastreamento pode continuar a ser realizado a cada três anos, até completarem 64 anos, se tiverem pelo menos dois exames consecutivos negativos, nos últimos 5 anos. 

O principal objetivo desse rastreamento, através do exame preventivo, é identificar as mulheres de risco com lesões pré-cancerosas de alto grau que, se não tratadas precocemente, podem evoluir para um câncer invasor, acometendo outras estruturas genitais femininas. 

É importante reforçar que, apesar de sua importância, o Papanicolau é uma possibilidade de prevenção secundária do câncer de colo uterino. E, como forma de prevenção primária, o SUS, Sistema Único de Saúde, disponibiliza, desde 2014, a vacina quadrivalente contra os tipos mais oncogênicos (subtipos “6”, “11”, “16” e “18”) do HPV, para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, assim como para portadores do HIV (vírus da imunodeficiência humana – AIDS), outras imunossupressões e pacientes oncológicos em quimioterapia de 9 a 26 anos. 

Antes dos 15 anos, são aplicadas duas doses com um intervalo de seis a doze meses. Após essa idade, são três doses, sendo a segunda depois de dois meses e a terceira, após seis meses a partir da primeira.

Lembrando que, quanto mais cedo se vacinar, maior é o potencial benéfico. Com isso, entende-se que o Papanicolau é um exame simples, de fácil realização e imprescindível, devendo fazer parte da rotina ginecológica de todas as mulheres, quando iniciada sua vida sexual. 

O câncer de colo de útero, ainda que muito frequente, é justamente o que pode ser erradicado com as medidas de prevenção e apresentar um desfecho favorável, quando detectado precocemente. 

Quando o assunto é saúde da mulher, procure e converse com seu médico ou sua médica ginecologista para dirimir dúvidas quanto aos cuidados necessários a fim de sempre manter em dia o seu bem-estar. 

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Marina Ribeiro
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Ginecologista obstetra, ginecologia endocrinologista e nutrologia feminina, nascida no Rio de Janeiro, que há 4 anos atual em São Paulo.

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