TSE lança disque-denúncia 1491 para combater desinformação durante as eleições
Anúncio foi feito durante o lançamento da campanha informativa “Jornalismo é confiável, fala nossa língua, protege da desinformação e fortalece a democracia”
A fim de combater a desinformação durante o período eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) criou o disque-denúncia 1491 para recebimento de relatos de conteúdos falsos disseminados sobre as eleições. O anúncio foi feito na noite de terça-feira (6) pela presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia.
Disponibilizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o canal tem como objetivo receber denúncias e tornar mais ágil a resposta contra conteúdos mentirosos sobre eleições espalhados nas redes sociais. O primeiro turno das eleições municipais será realizado no dia 6 de outubro e o segundo turno marcado para o dia 27 de outubro. Eleitores vão às urnas escolher seus representantes para os cargos de prefeito e vereador.
A partir de hoje (7), o número 1491 está disponível em todo o país. A ligação é gratuita e funciona para denúncias de qualquer desinformação que o cidadão avalie que precisa ser verificada pela Justiça Eleitoral.
De acordo com a presidente do TSE, após o atendimento do disque-denúncia, os integrantes do Centro Integrado de Enfrentamento à Desinformação e Defesa da Democracia (CIEDDE) verificam se o relato é válido e, caso seja, a denúncia é encaminhada à instituição competente: Polícia Federal, Ministério Público, tribunal regional eleitoral (TRE) ou ao juiz ou à juíza eleitoral.
“Para que, em um tempo, em uma velocidade recorde, a gente possa ter a resposta devida a esta denúncia ou a esta desconfiança, para que a pessoa não se engane sobre aquilo que lhe é passado, com o 1491, denunciam-se mentiras eleitorais e serão adotadas providências”, disse a ministra.
Também foi lançada uma plataforma criada pela Polícia Federal para acompanhamento de investigações e crimes eleitorais registrados durante o pleito. O painel é atualizado diariamente e constam dados de inquéritos policiais instaurados e termos circunstanciados lavrados desde 16 de agosto do ano passado. A consulta dos casos podem ser feitas com o auxílio de filtros organizados por data, tipo penal, unidade da Federação (UF) e origem da comunicação.
Os anúncios foram feitos durante o lançamento da campanha informativa “Jornalismo é confiável, fala nossa língua, protege da desinformação e fortalece a democracia”, que visa diminuir os impactos de mentiras disseminadas no período eleitoral. A ação será realizada pelo TSE em parceria com a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e outras 11 entidades, entre as quais estão agências de checagem e organizações de jornalismo.
A medida torna-se necessária diante dos efeitos nocivos gerados pela desinformação. Em julho deste ano, uma pesquisa do Instituto Data Favela revelou que 89% dos moradores de periferia no Brasil já foram vítimas de notícias falsas, popularmente chamadas de “fake news”, totalizando 94 milhões de pessoas prejudicadas. As informações foram coletadas em junho deste ano e a pesquisa ouviu 1.557 homens e mulheres acima de 16 anos de 127 cidades espalhadas pelo país.
A jornalista, historiadora e doutora em comunicação e semiótica, Mirian Meliani, estuda as redes sociais e pontua que a desinformação e as “fake news” são problemas antigos enfrentados pelo Brasil e pelo mundo. “Só que o uso da internet, dos celulares e das redes sociais aumenta muito a velocidade e o alcance das mentiras e golpes compartilhados”, explica a professora que estará presente no evento Favela Cria. Desse modo, saber como identificar a veracidade de informações é uma habilidade essencial para os dias atuais. Leia aqui a reportagem produzida pelo Espaço do Povo que reúne dicas de como identificar notícias falsas.
Jornalista, repórter do Espaço do Povo e correspondente local de Osasco, na Grande São Paulo, na Agência Mural de Jornalismo das Periferias.