Graffiteira paraense homenageia Zélia Amador de Deus em mural em na zona sul de São Paulo

 Graffiteira paraense homenageia Zélia Amador de Deus em mural em na zona sul de São Paulo

Credito_Miguel-Gondim-de-Castro

Mina Ribeirinha é a artista por trás da obra “Ananse”, selecionada pelo Museu de Arte de Rua da capital paulista

Nesta terça feira (12), será inaugurado a obra ““Ananse Sabedoria Esperteza e Criatividade”, grafite produzido pela artista paraense, Mina Ribeirinha, que traz para São Paulo um tributo afrofuturista à professora e ativista Zélia Amador de Deus, em um mural de 172 m² “. A obra foi uma das selecionadas pelo Museu de Arte de Rua (MAR), projeto da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, que transforma espaços públicos em galerias a céu aberto, espalhando murais e painéis pelas cinco regiões da cidade. O mural está localizado no Jardim Casa Blanca, na zona sul de São Paulo, no bairro do Campo Limpo, Condomínio Ouro Verde, Rua Luiz Antônio Verney, n• 311.

Inspirada pelo legado de Zélia Amador de Deus, ícone da cultura e militância negra brasileira, Ananse é uma homenagem às “teias de resistência” que unem histórias e saberes ancestrais afro-brasileiros. O mural explora o conceito de oralidade, tecnologias ancestrais e a conexão entre passado e futuro, trazendo em suas cores a força das tradições amazônicas. “É uma homenagem à professora Zélia, uma mulher negra e amazônica que, com sua sabedoria, ajudou a tecer as bases do movimento negro e a conquistar vitórias históricas para a população negra brasileira”, afirma Mina Ribeirinha.

O Museu de Arte de Rua (MAR) é um dos mais ambiciosos projetos de arte pública do país, com o objetivo de democratizar o acesso à arte e integrar a diversidade cultural da cidade ao cenário urbano. O projeto prevê a criação de mais de 260 painéis pela cidade, conectando a população com expressões artísticas que desafiam os limites entre arte e espaço urbano.

Zélia Amador de Deus, homenageada na obra, é uma figura central na luta pelos direitos humanos no Brasil, especialmente no combate ao racismo e na valorização da cultura afro-amazônica. Natural de Soure, Marajó, e professora aposentada da Universidade Federal do Pará (UFPA), ela participou da fundação de importantes organizações como a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos e o Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa). Entre as conquistas políticas impulsionadas por Zélia estão a criminalização do racismo e a formulação de políticas afirmativas de cotas para pessoas negras nas universidades.

Crédito_Miguel Gondim de Castro

Mina Ribeirinha

Natural de Belém do Pará, Mina Ribeirinha é graffiteira, artista visual, ilustradora, produtora e arte-educadora com uma carreira que se estende desde 1999. Ao longo de quase 20 anos de trajetória, Mina utiliza o graffiti como um poderoso canal de expressão política e social, abordando questões raciais e celebrando a cultura afro-amazônica por meio de uma perspectiva afrofuturista e afrodiaspórica. Sua arte se conecta profundamente com a militância e o engajamento das comunidades periféricas, centros urbanos e quilombos do Estado do Pará.

“‘Ananse’ é a minha homenagem à professora Zélia Amador de Deus, que está presente nos fluxos dessa grande teia que conecta nossas histórias. O nome da obra é inspirado em uma de suas publicações e carrega o sentido profundo das origens afro-brasileiras que construímos na diáspora. Nossos legados e saberes ancestrais se manifestam em movimentos como a Capoeira, o Hip Hop, as rodas de carimbó e o movimento negro. Zélia teceu essas redes para que, hoje, possamos continuar a criar juntos, sempre em movimento.”

Mina também é fundadora e empreendedora da Tinta Preta, a primeira produtora de arte urbana da Amazônia. A Tinta Preta oferece uma gama de produtos e serviços, incluindo moda afro-urbana amazônica, produção executiva de obras públicas de graffiti em diversas dimensões, além de curadoria de artistas locais e nacionais. A artista é uma das criadoras do projeto Bengola em Cores, que transforma o bairro do Benguí, em Belém (PA), em um espaço de arte e cultura, ampliando o acesso à arte urbana e promovendo a valorização das raízes culturais da região.

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Repórter do Espaço do Povo, é cria do Jardim Ângela, formado em jornalismo e tem vivência em redação e assessoria de imprensa.

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